A relação entre nossa oca eletrônica, O Guaruçá, e as mulheres, todas as mulheres, é indissolúvel. Que essa história de amor, como O Poetinha cantou em fiel soneto, não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinita enquanto dure.
Que não somos imortais, nós, pessoas, e nós, a revista, tivemos dura certeza nestes últimos meses. Às vésperas da ceia natalina foi assassinado nosso ex-colunista e colaborador Marcos Guerra, que aqui cresceu e ganhou asas, e criou seu próprio espaço para a publicação de seus duros textos. E, dias atrás, a própria revista se viu ameaçada.
A primeira edição da revista eletrônica O Guaruçá foi há 11 anos, exatamente no Dia da Mulher. Não foi por acaso: Luiz Roberto Moura, o editor, e seus colaboradores de primeira hora, Sidney Borges (com matéria atualíssima, falava da falta de estradas (de rodagem e de ferro) para o escoamento da produção de soja), o saudoso do Eduardo Souza, o Julinho, já tinham material pronto, mas decidiram aguardar o Oito de Março para publicar.
Não podemos mais falar que O Guaruçá foi publicado ininterruptamente, todos os dias, estes anos todos, porque dias atrás abateu-se um desastre sobre o nosso sirizinho, a ponto do Moura ter perdido as esperanças de recuperar toda a imensa base de dados que ajuda a contar a história de mais de década de Ubatuba. É que a empresa que abrigava o portal simplesmente fechou as portas. Mas, com sua paciência e habilidade técnica, o editor conseguiu ressuscitar todos os textos, na ordem certa e com os links certos.
Dia de festa, portanto, e de cumprimentos, à revista O Guaruçá e às mulheres, todas elas, do mundo todo. Que me perdoem as bonitinhas e novinhas, mas nas mulheres a feiura, a velhice e a ternura são essenciais. Que morram as mulheres, mas que morram muito velhas e com a pele e o rosto feios, mas recendendo a ternura, como minha velha nonna aos 98 anos de idade. E, especialmente, que vivam as mulheres, vivam a plenitude de serem respeitadas num mundo que é cada vez mais delas, mas que ainda conserva o ranço do machismo como tônica.
Quanto ao nosso já maduro sirizinho, não passa de um pré-adolescente. Que também chegue a provecta idade.
* texto originalmente publicado na revista eletrônica O Guaruçá, em 09/03/2015.