É possível respirar com um certo alívio depois da publicação - através de uma reprodução aqui na revista eletrônica O Guaruçá - da primeira (e talvez única que teremos) pesquisa de intenção de voto, feita pelo jornal Imprensa Livre, em cujo portal se pode ver as manchetes, mas não as matérias, agora restritas apenas aos assinantes das edições em papel. Melhor, de qualquer forma, esse pouco do que todo o conjunto de jornalecos daqui. Alívio porque a política pequena, nanica, de Eduardo César não terá sucessor na Prefeitura, mas "certo alívio" porque o primeiro colocado nas intenções de voto é uma incógnita: político que se esqueceu de manifestar sua posição quanto a muitas das questões vividas por Ubatuba nos últimos anos e cuja campanha eleitoral, ao menos aqui no meu bairro, no pé do morro do Funhanhado, mal chegou. Que nem as perguntas simples e diretas do Julinho dignou-se a responder. E tem o que falar, tem propostas e ideias, algumas das quais ouvi no Encontro promovido por uma certa Comissão Municipal de Cultura, esta semana. Propostas sólidas, uma certeira confiança de que, se é para mudar, o critério não será o da experiência, mas o da capacidade, o da competência. Que tem um candidato a vice que também tem projetos, ao ponto de arrancar da Marlene, minha mulher, a expressão "gostei do que ouvi, um vice que não é espectro... Um vice com planos bem definidos e que compõe uma proposta de administração".
O primeiro candidato com quem tive contato aqui no pé do morro do Funhanhado veio até minha casa, trazido por um rapaz júnior, o Jair, que conheci aqui no bairro e em quem reconheço boas intenções, mas é ainda um tanto ingênuo, muito júnior em política. Esse candidato a prefeito, por lambanças e perda de prazo no processo de registro de candidatura, desistiu de concorrer. Na conversa que tivemos, mostrou-se despreparado quanto a propostas e ignorante quanto a política, a começar pelo programa de seu próprio partido, um poço de contradições conceituais e ideológicas.
O segundo foi o doutor, cuja foto de propaganda exibe um vistoso estetoscópio em volta do pescoço. Para auscultar o coração de algum defunto bem falecido no IML é que não será. Precisei dizer cara a cara - ele deu a cara a bater aqui no pé do Funhanhado - que não votaria nele, porque usou seu mandato para defender a política miúda de Eduardo César, exceto agora, muito no finalzinho, quando passou a ser mais conveniente virar o jaleco para a oposição. Mas, de qualquer forma, sempre manifestou-se por CPI quanto à Santa Casa e talvez tenha tentado, sem sucesso, quando presidente do legislativo municipal, fazer com que o funcionalismo de lá trabalhasse.
O terceiro foi um saco, da coligação "Ubatuba, infelizmente, merece", a quem tive o desprazer de dizer que não tinha prazer em conhecê-lo (nunca o tinha visto pessoalmente), no corpo-a-corpo que veio fazer aqui, acompanhado de um molequinho e de um outro pretendente a césar grandão. Uns minutos depois, procurei-o para ressalvar que não o conhecia, a ele, como político, mas que a rejeição à sua candidatura decorria do apoio que está recebendo de Eduardo César. Rejeição que é absoluta, em vista do risco de Ubatuba avançar ainda mais para a retaguarda dos CUIS do litoral norte (Caraguá, Ubatuba, Ilhabela e São Sebastião).
Nunca tinha visto pessoalmente o candidato da grande estrela vermelha, mas uma de suas militantes passou por aqui. E precisou ouvir: um ausente, que não pisa o chão de terra batida dos bairros, não se manifesta, e só se move por espasmos quadrienais, é um candidato fraquinho. Mas não cheguei a mencionar minha posição quanto ao voto útil, porque a militante, talvez paga, não aparentava ter condições de entender muita coisa.
Do Alfredinho, cuja fala no Encontro da Comissão de Cultura perdi, li um panfleto de propaganda, no qual apresenta propostas, mas não indica os caminhos pelos quais implementá-las, exceto vagas menções a exigir mais dos governos federal e estadual.
Frediani tem uma forte e rica campanha aqui no pé do Funhanhado, está temporariamente revitalizando, com os cabos eleitorais que contratou, a economia miúda do bairro, que tem dono, o qual deve estar feliz com o incremento de receita. Mas tem um discurso vazio, tão vazio que nem candidato a prefeito é, vive dizendo que o prefeito de Ubatuba é o governador. Governador que é péssimo prefeito daqui, ao ponto do próprio Frediani ter dito da tribuna como era difícil ser do PSDB. De qualquer forma, o coordenador da campanha tucana ao governo do estado foi Eduardo César, não o vereador da oposição local. Opositor que escolheu para vice um dos aguerridos defensores de Eduardo César, especialmente quando se tratava de barrar qualquer CPI quanto ao lastimável estado da Santa Casa e da saúde em geral em Ubatuba.
Do candidato do mercado nada há a falar. Como candidatura, não existe, nem se ouve falar dele aqui no pé do Funhanhado. Da mesma forma o candidato do partido de Ivan, o Valente, deputado que num especial momento da vida política do PT peitou o arrogante Zé Dirceu.
Resta falar de Nuno, a quem ouvi no Encontro da Comissão de Cultura. Tem fala bem articulada, mostra um pragmatismo que pode ser útil numa administração municipal, mas talvez ainda lhe falte "sustância", algo que vem com o amadurecimento e com a experiência. Por ora, manifesta-se encantado com o manno candidato evangélico na capital, revela ter admiração pelo farol de Alexandria, indica não ter ainda um recorte ideológico bem definido. Mas é uma promessa, uma promissora pedra à espera de buril, buril que os próximos quatro anos de vida política podem prover. Será necessário ter persistência e abrir bem olhos, para enxergar bem e longe os horizontes, e ouvidos, para ouvir o que o povo tem a dizer.
Cultura de "cidadezinha"
Os manuais de administração ensinam que é na cultura organizacional (um verdadeiro iceberg, do qual só é visível o topo) que se encontra a chave para a manutenção dos valores desejáveis e da mudança para enfrentar novas realidades. Algo similar vale para uma cidade como Ubatuba, que sofre de pesada baixa estima pelos revezes que sofreu ao longo de seus séculos de existência, mas especialmente nos últimos anos, da fraquíssima administração e da política nanica, muito pequena, de Eduardo César. Não é incomum ouvir a depreciativa palavra "cidadezinha", vocábulo que resisto em usar, senão para registrar uma concepção. E alguns fatos mostram o complexo de cidadezinha, como o convite feito por uma certa Comissão Municipal de Cultura, que promoveu, na última terça-feira, um Encontro com os Candidatos a Prefeito. O convite dizia do encontro "no auditório da Unitau".
Fomos, eu e minha esposa, para o tal auditório, do qual nem tínhamos ideia onde ficava. Paramos na banca de jornais da avenida Yperoig e não souberam informar. Fui às seis portas de comércio ainda abertas naquela quadra, e ninguém soube informar (dois mencionaram a rua Guarani, em frente a um restaurante). Abordei, então, um cidadão que, numa mesa de boteco na esquina do prédio do Paço Nóbrega, professor que era, disse não saber de auditório, mas que a Unitau ficava numa rua atrás de um shopping da avenida Leovigildo Dias Vieira. Arriscamos, e depois de algumas peripécias, achamos o lugar. Mas já tarde para ouvir a fala do candidato Alfredinho. E saber que, na cultura das grandes (e pequenas também) cidades, costuma-se usar o critério "serviço": o que, quando, onde - e o "onde" com a comezinha informação rua tal, número tal, bairro tal, às vezes complementada com a informação "como chegar".
Enfim, essa é a Comissão Municipal de Cultura, cuja primeira providência, no encontro, foi arrancar dos candidatos o compromisso de mantê-la...
Onde votarão os eleitores
Teremos 60.967 eleitores para o pleito municipal de 2012.
Será interessante comparar, quando forem divulgados os resultados das urnas, como votaram nos bairros, aproximadamente representados pela distribuição dessas próprias urnas, conforme o quadro abaixo, que tem, em sua primeira coluna, o número de eleitores:
18.165 - Centro
6.585 - Perequê-Açu
4.856 - Itaguá
4.685 - Sumaré
4.177 - Estufa II
3.686 - Ipiranguinha
3.593 - Perequê-Mirim
2.475 - Parque dos Ministérios
2.469 - Sertão da Quina
1.967 - Maranduba
1.844 - Marafunda
1.117 - Lagoinha
868 - Rio Escuro
863 - Itamambuca
690 - Puruba
679 - Saco da Ribeira
598 - Taquaral
537 - Itaguá II
531 - Picinguaba
339 - Sesmaria
243 - Figueira
6.585 - Perequê-Açu
4.856 - Itaguá
4.685 - Sumaré
4.177 - Estufa II
3.686 - Ipiranguinha
3.593 - Perequê-Mirim
2.475 - Parque dos Ministérios
2.469 - Sertão da Quina
1.967 - Maranduba
1.844 - Marafunda
1.117 - Lagoinha
868 - Rio Escuro
863 - Itamambuca
690 - Puruba
679 - Saco da Ribeira
598 - Taquaral
537 - Itaguá II
531 - Picinguaba
339 - Sesmaria
243 - Figueira
Presto especial atenção ao Perequê-Mirim, onde moro, e que, na última eleição municipal, elegeu o candidato a vereador com o maior número de votos, um mico que pagamos até hoje.
- texto originalmente publicado na revista eletrônica O Guaruçá, em 28/09/2012
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