terça-feira, 25 de setembro de 2012

Eleições e 'mídia' em Ubatuba



A vizinhança das eleições tem um efeito estranho sobre a "mídia impressa", entre aspas quando se trata de Ubatuba. É que, aqui, há uma profusão de jornalecos de ocasião e jornalecos um pouco mais longevos, tais como os cursos d’água do agreste, alguns temporários, outros sazonais, alguns perenes ou quase. No ano das eleições, aparecem os que têm "novo conceito", apresentam-se como "um jornal diferente", defendem até a liberdade de imprensa. No fundo, todos são baba-ovos do prefeito de plantão, especialmente o plantonista que, de tão generoso, ganhou o apelido de "Super". Reproduziram, com fidelidade canina e grande destaque, os releases da Prefeitura, incluindo a safra que se dedicou a tentar alçar em vôo um saco de papel vazio. Neste período de campanha eleitoral, pululam, gratuitos, nos balcões de comércio e até em pontos de ônibus. E, no entanto, é sempre bom lembrar Millôr Fernandes: "Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados." Só temos o resto.

"Propria laus sordet", pomposo aforismo da época do império romano para dizer que "O louvor de si mesmo fede", resultou, na última flor do Lácio, no dito popular "Elogio em boca própria é vitupério". É o caso de um desses órgãos da "mídia impressa" daqui, ao dizer, em editorial, de seu "Trabalho, seriedade, muita dedicação e imparcialidade". E continua: "É com orgulho que redigimos este editorial, pois, é neste espaço que deixamos a opinião do nosso veículo e nossa visão sobre determinados assuntos."

Pois é. Quem afirma que "esta liberdade (de imprensa) demanda um posicionamento mais crítico e atento da população quanto aos seus direitos por uma informação de qualidade e isenta" não publica comentários críticos. Não publicou comentário meu quando, no espaço do Editorial, reproduziu um artigo de um jornalista de Mato Grosso, sem citar o autor nem, menos ainda, dar-lhe o crédito pela matéria.

"Plagiou e assinou trabalho que não fez?" Essa frase, como de resto todo o "editorial" publicado pelo Agito em 27/01/2012, foi escrita por Alecy Alves, da Reportagem do jornal Diário de Cuiabá, em sua edição nº 13.211, de 15/1/2012, e reproduzida, com citação da fonte e título correto, pelo site da Amarribo Brasil.

Editoriais em geral não trazem a assinatura do editorialista, pois representam a opinião oficial do órgão da imprensa, o que equivale a dizer a opinião oficial de seus proprietários. Plagiar e assinar institucionalmente como seu editorial o artigo de um repórter de um jornal de Cuiabá, e usando como título o olho da matéria original, é a exata configuração do convite feito pelo autor, Alecy Alves:

"Que tal, se ainda não o fez, refletir sobre seu próprio comportamento e atitudes diante de acontecimentos cotidianos? (...) Plagiou e assinou trabalho que não fez? Acha que esses atos são irrelevantes diante gravidade daqueles que roubam o dinheiro público, desviam verbas da saúde, por exemplo?"

É por fatos como esse que a credibilidade da "mídia impressa" é bem pequena, em Ubatuba.

- texto originalmente publicado na revista eletrônica O Guaruçá, em 24/09/2012.
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