Passadas três semanas desde o assassinato do jornalista e blogueiro Marcos Leopoldo Guerra, a Polícia Civil de Ubatuba tem linhas de investigação, mas ainda não tem nome, ou nomes, para anunciar como suspeitos da autoria do homicídio. Marcos Guerra, que mantinha o blog Ubatuba Cobra, foi morto a tiros na noite da antevéspera do Natal, no mês passado. Não há, portanto, indiciados, embora tenham sido colhidos depoimentos e, com a reabertura do Fórum, nesta quinta-feira, sejam solicitados mandados de busca e apreensão.
Segundo o delegado Fausto Cardoso, titular da Polícia Civil de Ubatuba, a equipe de Homicídios da Delegacia, composta por três investigadores, realizou diversas diligências e ouviu várias pessoas, inclusive moradores das imediações da casa onde Guerra foi assassinado. O delegado, no entanto, não fornece detalhes, “para não atrapalhar as investigações”. Esclareceu que o inquérito não está sob segredo de justiça, mas que é necessário algum prudente sigilo para benefício do conjunto do trabalho investigativo. Disse também que serão ouvidas mais pessoas, na tentativa de montar o que classificou como um “quebra-cabeças”.
Com os feriados e pontos facultativos a Delegacia funcionou em regime de plantão, com a presença de policiais de outras cidades para atender as ocorrências da chamada Operação Verão. Segundo Fausto Cardoso, o regime de plantão não interrompeu o trabalho dos investigadores que atuam no setor de homicídios.
Repercussão
O assassinato do blogueiro de Ubatuba teve imediata repercussão em parte da mídia nacional e internacional, mas não nos chamados jornalões, em regime de plantão, férias e coberturas burocráticas do Natal e Ano Novo. Na praticamente inexistente mídia local não houve repercussão, nem entre os políticos e empresários que, em algum momento, se beneficiaram com alianças pontuais com Marcos Guerra ou, no mínimo, alimentaram com informações de caráter interesseiro o blog de Guerra. Durante a campanha eleitoral do final de 2011 houve eventos desse tipo.
Também não houve manifestação local da ong Transparência Ubatuba, da qual Guerra era dirigente, ainda que a Rede Amarribo (da qual faz parte a ong) tenha postado nota sobre o homicídio. A Rede Amarribo, na nota, qualificou Guerra como ativista social e comentou que “Os ativistas sociais são verdadeiros heróis, que lutam sozinhos, sem amparo da Justiça. As leis protegem os `fora da Lei´. A impunidade é combustível poderoso para os bandidos.”
* texto publicado originalmente na Revista Eletrônica O Guaruçá, em 09/01/2015.
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