sábado, 14 de abril de 2007

Não vi e não gostei

"Companhia de São José do Rio Preto se apresenta em Assis

FAC traz para a cidade peça de teatro que está fazendo sucesso no interior paulista

A Fundação Assisense de Cultura – FAC em parceria com a Companhia Fábrica de Sonhos apresenta na próxima sexta-feira, 13, a peça "Auto da Barca do Inferno", no Teatro Municipal. O grupo teatral de São José do Rio Preto fará duas sessões, às 10h e às 20h. "

(Do e-mail de divulgação "FAC - Teatro - primeira atração do mês")

Pois é. Não vi e não gostei. Num primeiro momento, quando o consenso familiar de que as oportunidades em Assis são raras e devem ser aproveitadas, no que respeita a teatro, cogitei seriamente assistir a apresentação da Companhia Fábrica de Sonhos. Já na bilheteria, decidi comprar os ingressos apenas para os demais familiares: a partir do comentário de uma de minhas filhas, de que o texto a ser encenado faz corriqueiramente parte das matérias que caem no vestibular, comecei a duvidar da qualidade do espetáculo. Claro, também pesou na decisão de não comprar meu ingresso o preço dele: R$ 24,00, um valor que não é lá muito consentâneo com a realidade assisense.

Visitei <http://www.guiadasemana.com.br/channel.asp?/TEATRO/SAO_PAULO/&a=1&ID=9&cd_city=1>, escolhi o gênero "Teatro-drama" na guia de pesquisas e espiei os preços de alguns espetáculos. Descobri que vão de R$ 10,00, declarados como promocionais, até R$ 40,00, quando se trata de espetáculo com atores globais. O SESC tem em cartaz um espetáculo por R$ 16,00. Como o SESC tem nome a zelar, é raro ver algum fiasco na qualidade da companhia de teatro parceira ou contratada.

Então, por R$ 24,00 o espetáculo precisaria ser de qualidade. Um texto tema de vestibular não precisa, necessariamente, ser encenado sem qualidade. Mas, infelizmente, é do que nos dão conta os comentários de quem viu e não gostou. Há uma certa proliferação de companhias que descobriram o filão e partiram para a linha de montagem, para cuidar de sua sobrevivência. Se fazem arte de qualidade, deve ser em outra instância, ainda desconhecida. Bem, o fato é que a FAC empenhou seu nome -- supõe-se que deveria zelar por ele -- na tal Fábrica dos Sonhos.

Não vi e não gostei. Mas, logo depois do espetáculo, conversei com quem viu -- e não gostou. Pelo jeito, a encenação não chegou ao vestíbulo e muito menos ao átrio: ficou mesmo na rua. Foi opinião de pessoas que aprendi a respeitar como consumidoras da arte teatral. Indaguei, então, qual foi a avaliação do público, medida pelos aplausos. Foi excelente. Muitas palmas, a companhia foi aplaudida por quase todos em pé. Minha companheira comentou que, hoje, parece até falta de educação não apaludir de pé qualquer espetáculo, mesmo que seja medíocre.

Tenho comigo que uma das explicações possíveis é a penúria. Com tão pouca oferta na área, qualquer coisa, por pior que seja, aparenta ser muito boa. E, por imitação, pois a televisão freqüentemente mostra platéias inteiras em pé aplaudindo entusiasticamente, por aqui levantam-se todos para aplaudir. Se a oferta fosse maior, permitindo o estabelecimento de um certo senso crítico a partir da simples comparação; se, ao final de cada espetáculo, fosse possível debater conteúdos, técnicas e qualidade, ao menos uma parte do público, certamente, deixaria de assinar o pacto da mediocridade. No entanto, é "se" em demasia. A realidade é outra. Infelizmente.

2 comentários:

Elka Waideman disse...

realmente não acreditei que vc teria coragem de colocar esse título. pois teve e gostei! =P

Elcio Machado disse...

Hummm... Coragem? Menos, menos... Foi só uma pequena ousadia.
Ainda bem que gostou. Obrigado. :o)
Beijos