São Sebastião está entre os oito municípios paulistas em situação de alerta para surto de dengue, conforme noticiado na quinta-feira, dia 11, pelo Ministério da Saúde. A situação de alerta ocorre quando entre 1% e 3,9% dos imóveis pesquisados apresentam larvas de Aedes aegypti. Se o índice for acima de 3,9%, a situação é considerada de risco. Se abaixo de 1%, o índice é considerado satisfatório, conforme critério da Organização Mundial da Saúde.
O índice de infestação predial atual de São Sebastião é 1,6. Em 2009, foi de 1,9, e o município viveu, desde o início de 2010 até meados de junho, uma epidemia da doença, com mais de 1.462 casos confirmados. A situação foi pior ainda em Caraguatatuba, onde houve mais de 1.940 casos da doença com confirmação laboratorial. Ilhabela também teve epidemia, com mais de 1.252 casos. Naquela época, Ubatuba registrava um total de aproximadamente 200 pessoas que tiveram a doença. No entanto, nos três municípios onde houve a epidemia, na época da divulgação daqueles dados ainda havia mais de 500 exames cujos resultados não eram conhecidos. E muitos casos nem chegaram a ser submetidos a verificação laboratorial, com diagnóstico clínico feito a partir de ao menos três dos principais sintomas da dengue.
O supervisor de Atenção à Saúde de Ubatuba, Antenor Benetti, que coordena as ações contra a dengue no município, estima que cada uma das outras três cidades teve ao redor de 3 mil casos. Os dados finais de Ubatuba são de 258 casos confirmados, este ano, referentes principalmente ao período do surto do verão passado. O índice de infestação predial em Ubatuba está hoje em 1%, no limite superior do que o Ministério da Saúde considera como satisfatório. Segundo Benetti, Ubatuba não foi selecionada para participar do Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti - LIRAa, que é o programa do Ministério da Saúde para monitorar o avanço da dengue no país. No entanto, o município realiza as coletas pelo índice ADL (Avaliação de Densidade Larval) sincronizadamente com as coletas do LIRAa nos municípios onde ele é aplicado, de forma que as medidas podem ser comparadas, em vista da semelhança de metodologia.
Nas cidades vizinhas onde há dados atuais do Ministério da Saúde, Caraguatatuba está com índice de 0,5%, e Taubaté com 1%.
Campanha
A Campanha Nacional de Combate à Dengue de 2010, segundo o Ministério da Saúde, traz um novo olhar sobre a forma de lidar com a doença, com a qual o Brasil convive há 24 anos. Uma mensagem mais direta à população sobre a gravidade da dengue e sobre a necessidade de que cada pessoa elimine criadouros do mosquito em sua casa direciona as peças publicitárias impressas, na TV e no rádio.
A renovação de conceito e de estratégia partiu de uma pesquisa de opinião que revelou uma resistência das pessoas em mudar seu comportamento, embora 96% saibam quais os sintomas da dengue e como fazer para combater o mosquito transmissor. A mensagem de 2009, “Brasil unido contra a dengue”, foi substituída por outra, que reforça a responsabilidade do cidadão: “Dengue: se você agir, podemos evitar”.
“Cada vez mais, precisamos difundir a ideia de que dengue não é um problema só da saúde e nem só dos governos. Se a comunidade não se envolver, e se não houver a articulação com outros setores, continuaremos enfrentando aumento de casos e de mortes por dengue no Brasil”, afirma o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Gerson Penna.
Pneus
No dia 20 de novembro haverá o lançamento oficial da campanha em Ubatuba, na praça 13 de Maio. Serão exibidos mostruários de criadouros, de amostras em todas as fases do mosquito da dengue, inclusive microscópio para visualização de larvas, brincadeiras pedagógicas, apresentação de trabalhos de alunos de escolas do Município e de equipamentos usados no combate ao mosquito vetor, tais como máscaras e bombas.
Um dos focos da campanha será o recolhimento de pneus, incluindo os de bicicleta. Haverá na praça um caminhão disponível para recepção de pneus, mas, no período de 22 a 27 de novembro, eles poderão ser entregues nas administrações das Regionais, na Emdurb e no Pátio de Obras da Prefeitura. O material recolhido será armazenado em local coberto e, posteriormente, será recolhido por uma recicladora, a Reciclanip, uma entidade sem fins lucrativos mantida pelos fabricantes de pneus novos Bridgestone, Goodyear, Michelin, Pirelli e Continental.
Os pneus servirão como combustível alternativo em fornos de cimenteiras, fabricação de percintas (usadas nas indústrias moveleiras), solas de calçados, dutos de águas pluviais e outros artefatos, como tapetes para automóveis, pisos industriais, pisos para quadras poli-esportivas, e artigos para jardinagem. Também podem ser usados para asfalto-borracha, que é a adição à massa asfáltica de pó de borracha oriundo de sua trituração.
- Texto originalmente publicado na revista eletrônica O Guaruçá, em 14/11/2010.
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