Não é coisa muito fácil publicamente discordar frontalmente de um amigo. No entanto, preciso discordar de meu amigo Julinho Mendes, quando propõe mandar Dudu para a Cochinchina - perdão, errei, é para Marte. Por primeiro, uma questão de princípios. Dudu, embora condenado pelo povo, conforme indicam os índices público e informal de rejeição, e pelo resultado que se avizinha péssimo para seu poste saco, tem o direito de ir e vir, e de ficar, aqui em Ubatuba, ainda que tenha outras opções, como, por exemplo, Tarba, porque é cidadão tarbateense, título que obteve do conceituadíssimo legislativo municipal de lá. Por segundo, não se bate em cachorro morto, defunto politicamente falecido e, através de seu poste, um saco subalterno e vazio, enterrado a uns bons palmos - não muitos, porque o lençol freático daqui é alto. Não há que poluir nosso subsolo.
Há uma terceira razão, que coro em admitir. Vivo de uma aposentadoria minúscula, e um tostão, ou real, furado, me fará falta. Mas, que seja, como solução de compromisso, concedo em doar uma moeda de um real furado para o fundo financeiro que mandará Dudu não necessariamente para Marte, ou para a Cochinchina, mas para Tarba ou qualquer outro lugar que ele escolha, inclusive o limbo em Ubatuba ou algum hotel na Espanha, país que oficialmente visitou com nosso (meu, seu, do contribuinte) dinheiro. Mas só um, unzinho, único real furado. Além do mais, suspeito, deve ter providenciado um substancial pé-de-meia, em vista dos amigos que amealhou, deputado lixeiro inclusive - e lixo dá dinheiro.
Creio que o problema, Julinho, não é quanto a Dudu, mas quanto à enorme turma dele, como sempre acentua o Ching Ling Uw. Se o próximo prefeito conseguir obter recursos diminuindo a corrupção, como falou um sério postulante no “Encontro da Comissão de Curtura”, talvez o problema seja minimizado, ainda que não inteiramente resolvido.
Propaganda imbecil
Se queremos ter uma Ubatuba sustentável, a propaganda eleitoral também precisa ser sustentável. Utilizar um veículo de motor a combustão interna que gera poluição exige um mínimo de aproveitamento eficaz do que se pretende. Acabo de ouvir, aqui, no pé do Funhanhado, uma propaganda bem imbecil:
Úúbatuba muda jááá! Vamos todos juntos sonháááá que Ubatuba vai mudááá! Úúbatuba muda jááá!
E só. Passou tão rááápido que só foi possível ouvir a terceira repetição do refrão, sem permitir entender qual seria o candidato do "muda jááá".
- texto originalmente publicado na revista eletrônica O Guaruçá, em 01/10/2012
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