segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Em Ubatuba: notinhas de falecimentos


Cumpro o pesaroso dever de comunicar o falecimento de meu computador, creio que por causas naturais, em vista da avançada idade de alguns de seus componentes, mas também pela umidade salgada do lugar onde moro, aqui em Ubatuba. Por conta de contratempos, e para bem cuidar de assuntos familiares, não pude dar atenção adequada ao finado, e o mantive provisoriamente na câmara frigorífica digital pro defuntorum. Enfim ressurecto, depois do transplante de alguns componentes, inclusive a BIOS, pude afinal baixar e-mails e ler a revista O Guaruçá, para constatar que Ubatuba continua firme e forte com seus problemas de sempre. Basta ler as últimas postagens do Luiz Moura, sempre De olho em Ubatuba. Lamento ter perdido a comemoração do Dia do Saci Caiçara, pelos Amigos do Museu Caiçara e pelo Grupo Cultural "O Guaruçá", com a participação do Grupo de Contação de Histórias "E quem quiser que conte outra". Oportunamente quero contar sim algumas histórias, temos, eu e a Marlene, algumas ideias sobre isso. Mas desta vez não foi possível: não estávamos em Ubatuba. Só fiquei sabendo do evento ao ler a excelente matéria do Julinho. Perdemos também a imperdível observação de pássaros conduzida pelo Carlos Rizzo, e observem que a Marlene já tinha preparado tripé e máquina. Modestamente, gosto também de caçar pássaros, mas minha grande arma para isso são só os binóculos.


Faleceu também um dos coqueiros nos fundos de casa, de causas desconhecidas, visto que o outro, da mesma idade, continua viçoso. Diz o Osvaldinho que o esqueleto se manterá de pé por muito tempo, mas, assim que cuidadosamente coletar os dois magníficos caraguatás que ele abriga em seu ressecado tronco, vou retirá-lo, para plantar muda nova em seu lugar. Claro, dependerá da aprovação da Marlene, mas talvez plante também dois pés de Coffea arabica sp, café arábica típica. Agradecerei muito se alguém me indicar onde posso obter mudas dessa variedade, geralmente viçosa em locais sombreados. Dizem que havia muitos cafezais por aqui, lá pelo segundo quartel do Século 18.


O mais triste: faleceu uma fêmea de gambá, com os oito filhotinhos que tinha em sua bolsa marsupial. Foram vítimas da Jade, minha cachorra pastor-alemã grande e feroz (que a Marlene registrou em Jade é o nome dela. Ralhei delicadamente com ela, pois é uma idosa já meio cega e surda, e não há como recriminá-la por agir instintivamente e guardar ferozmente seu território. Os gatos da vizinhança são espertos, e eu achava que os gambás também o eram, mas o fato é que algo saiu errado, muito errado. Sempre os alimento, com as bananas de supermercado, nos fundos da casa, onde é frequente vê-los, mas jamais nas proximidades do portão da frente, e não deixo a Jade sair de seu espaço privativo. O Osvaldinho me diz que ainda moram três gambás adultos no forro de casa (toda a noite ouço os ruídos) e tenho certeza de que há filhotes, pois já os vi se esgueirando até mesmo no corredor interno da casa. A reprodução da espécie, portanto, está garantida. Mas de qualquer forma foi chocante o que aconteceu. Nesses momentos fico muito emotivo, e agradeci profundamente o Osvaldinho por ter providenciado os sepultamentos.


Chega de notinhas ruins. Em tempo: minha filha Tatiana fez um passeio fotográfico por Ubatuba e registrou, entre outras coisas, interessantes espécimes de cormorão biguá, ave que já foi objeto de comentário do Rizzo.


Um excelente verão a todos, porque a primavera deste ano grudou-se firmemente na estação seguinte.  

- texto originalmente publicado na revista eletrônica O Guaruçá

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