quarta-feira, 23 de junho de 2010

Placas na rodovia SP-55, mas também as faixas

Não sei se devo meter minha colher de pau na briga de marido e mulher que é briga entre a administração (bem ruizinha) da rodovia e os que colocam placas e faixas na beira da dita cuja. É que não tenho opinião formada sobre isso.
O que, no entanto, não me impede de ressaltar alguns pontos, alguns contra, outros a favor, outros ainda muito pelo contrário, a partir da brecha deixada pelo Luiz Moura. Creio que há consenso, entre os especialistas e, mesmo, entre os leigos, que beira de rodovia não é lugar para distrações, coisas que, por imponência, iluminação, atraiam o olhar do motorista para outros focos que não a pista. Por causa disso, creio, é que existem normas e padronizações para placas informativas e de publicidade ao longo das rodovias. A gente nem percebe que a Rio-Santos é uma rodovia, porque para nós, de Ubatuba (e também Caraguá e São Sebastião) essa rodovia é nossa avenida doméstica, é a ligação entre os bairros, porque somos uma linguiça, espremidos entre o mar e a montanha. Mas é uma rodovia, sim, com trânsito pesado e, por vezes, mais rápido do que mandaria dona Maria Prudência.
Então, há sim que normatizar e fiscalizar, mas há também que atender necessidade fundamental em local turístico, que é a informação ao motorista. Onde fica tal (hotel, restaurante, praia, supermercado, barraquinha, quiosque, e por aí vai) lugar? Onde estou?
Pois bem, o que se nota é um exacerbado ânimo fiscalizatório, que retira placas mas não pinta as faixas de pedestre, que multa mas não capina a faixa adjacente à pista, que vê a formiga mas deixa passar o elefante. E este, o elefante, pode estar disfarçado de mera faixa, de uma plaquinha de madeirite montada num precário tripé. Aqui no km 60 de vez em quando o restaurante que fica na esquina - soa esquisito, mas é a esquina da rua de entrada do Perequê-Mirim com o km 60 da rodovia) - coloca uma faixa anunciando seus pratos, mas num elefantino ângulo que impede, ao motorista que vai entrar na pista, a visão do tráfego sentido Ubatuba-Caraguá. É uma faixa provisória e não adianta pretender que a voracidade fiscalizatória do DER a perceba. Talvez o proprietário é que precise perceber a caca que faz, ao interferir na visão que o motorista precisa ter da rodovia. Idem, ibidem, quanto a uma faixa que, de vez em quando, um grande posto de combustíveis e serviços coloca dentro do seu domínio (e então, a fiscalização nem tem como ranhetar), mas que é a elefantina obstrução da visão da pista, de quem quer entrar na rodovia vindo do bairro Estufa. Mais uma vez, é o proprietário (ou talvez o subalterno funcionário a quem é cometida a tarefa de colocar a faixa) que precisa usar da preciosidade cada vez mais em falta que é o - não o excelente, não o superior, mas comum e mais simples - bom senso.
Há consideração final: este é um Estado de Direito e quem manda é a lei. Se a lei é falha, mudê-mo-la. Mas, até lá, vamos cumpri-la. Não é assim que deve funcionar?

- Texto originalmente publicado na revista eletrônica O Guaruça 
  22/04/2010

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