quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ubatuba, de olho no que resta

13/04/2010
REQUERIMENTO
Exmo. Sr. Luiz Roberto de Moura
MD Editor da revista eletrônica O Guaruçá
Ubatuba (SP)
Estimado Editor,
REQUEIRO, satisfeitas ou insatisfeitas as formalidades, que V. Sa. se digne mudar o nome da prestigiosa coluna "De Olho em Ubatuba", que leva sua assinatura, para outro mais condizente com a realidade atual. Peço vênia para sugerir o nome "De Olho no que Resta de Ubatuba", em vista do paredão mencionado pelo eminente caiçara Julinho Mendes, o qual fez referência à Destruição de patrimônio visual, matéria de sua autoria na prestigiosa coluna.
JUSTIFICATIVA
A expressão popular "De olho" remete ao uso informal do substantivo masculino que (citando Houaiss), na "Rubrica: anatomia geral." se refere a "o órgão da visão, nos animais e no homem", mas que, na derivação por sentido figurado remete a "aplicação mental e/ou do sentido da visão sobre pessoa ou objeto durante certo período de tempo; atenção, cuidado, vigilância". Ainda sob os auspícios do festejado dicionarista, o uso informal da expressão "de olho em" significa "desejoso, com intentos sobre (alguém ou algo)". Com intentos de preservar o que ainda resta, acrescento eu.
Assim, em vista da destruição sistemática de seu patrimônio, tanto o tangível quanto o intangível, destruição que (acentuou Julinho, vem de bastante tempo) anda aceleradamente e a passos que não são de tartaruga marinha sob a presente "Era Dudu", resta falar em "o que resta" de Ubatuba. De resto, cabe esclarecer que, por tangível, entende-se o que é material (a troca de pequenos paralelepípedos irregulares de pedra montados em mosaico por bloquetes de cimento (quem foi mesmo que forneceu, e a que custo?) nos passeios públicos). Por intangível, o que é imaterial (substituição de mosaicos de técnica portuguesa mas de estilo escherniano (quem foi mesmo que fez, perdeu-se a memória?) pelo destituído de estilo e de duvidoso gosto "sistema de bloquetes"). O imaterial inclui também o patrimônio cultural, o visual (o olhar a partir do mirante de São Pedro Pescador) e o histórico, e, ainda, não o prédio em si (material), a própria Igreja Matriz com seus azuis e brancos da herança lusitana, com sua vista a partir do mirante.
O requerente esclarece que chegou há pouco de fora, fato que o impediu de registrar visualmente os píncaros retratados na foto de Miguel Angel, a partir da exata visada (antes) possível do mirante onde se encontra (ainda) a estátua do pescador barbudo, São Pedro.
Estes os termos em que PEDE DEFERIMENTO.
Mui respeitosas
Saudações
Elciobebe
(Da Tribo dos Bebe, afilhado de Julinhobebe e Luizbebe, sob as (bençãos) bendições e maldições de Cunhambebe.)

- Texto originalmente publicado na revista eletrônica O Guaruça 
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